17 de fevereiro de 2011

ESTUDO DIRIGIDO COMO ESTRATÉGIA METODOLOGICA NA CONTINUAÇÃO DOS ESTUDOS PARA O PROJETO CORREÇÃO DE FLUXO

“Não há mais espaços para improvisos mal pensados e mal estruturados que arriscam executar ações para ver no que dá.” (José Carlos Köche)

EPISTEMOLOGIA DO DEVER DE CASA

Segundo Maria Eulina Pessoa, dentro de um contexto histórico o dever de casa apareceu como uma atividade apropriada para os estudantes das classes médias.
Tornar-se um estilo de vida dos grupos sociais escolarizados, tendo como concepção a valorização da escolaridade como estratégia de ascendência social.
Assim, os norte-americanos têm realizado pesquisas direcionando o envolvimento dos pais/mães na educação como recurso para o sucesso escolar e apontam sugestões como a limitação do tempo de televisão para estimular a leitura. Buscando transferir a responsabilidade de acompanhar o dever de casa para a esfera parental.
Ainda nas escolas norte americanas as políticas educacionais explicitam suas expectativas de obrigações dos pais, redefinindo o lar como uma extensão da sala de aula, com intenção de manter pais/mães informados no aprendizado do filho/a.
Resgata a parte obrigatória e significativa da família na formação do educando, enquanto cidadão responsável e digno.
Como podemos observar, no Brasil não há nada legal que exija a presença dos pais no processo de aprendizagem do educando fora da escola, em outro período extra classe, isso tem dificultado muito o desenvolvimento das atividades.
Frente a esta realidade torna-se necessário repensar maneiras de estimular e habituar nossos jovens há aumentarem seu tempo de estudo.
Proposta do projeto Correção de Fluxo.
O projeto Correção de Fluxo em Goiás, procura resolver o problema da distorção idade/série com a realização de dois anos em um, entretanto o diferencial está na divisão da carga horária, onde asseguram no turno ampliado dez horas semanais de estudo dirigido.
Trabalhar o estudo dirigido na Correção de Fluxo é tarefa que exige uma estruturação do ensino pensado e repensado, o orientador deve ter bastante veemência, aplicar uma habilidade criativa de comunicação.
Prudência ao ouvir para comandar o estudo do educando, levando-o a percepção de o quanto poderá aprender por ele mesmo.
A finalidade do estudo dirigido é fazer com que o aluno participante do projeto, possa dar continuidade em seus estudos com segurança e confiança de que, será capaz de acompanhar os estudos da serie com a qual foi promovido.
AUTONOMIA INTELECTUAL – RESULTADO DA PRÁTICA DO ESTUDO DIRIGIDO
“O estudo dirigido é uma técnica fundamentada no princípio didático de que o professor não ensina: ele é o agilizador da aprendizagem, ajuda o aluno a aprender.
É o incentivador e o ativador do aprender.
De maneira especial, essa técnica põe em evidência o modo como o aluno aprende.

Utilizando-se de dados reais contidos nas diferentes áreas do conhecimento, incentiva a atividade intelectual do aluno, força-o à descoberta de seus próprios recursos mentais.
desenvolve as habilidades e operações de pensamento significativo, selecionar, comparar, experimentar, analisar, solucionar problemas, aplicando o que aprendeu”. NORA CECÍLIA BOCACCIO CINEL, Especialista em Lingüística e em Supervisão de Sistemas Educacionais. Porto Alegre/RS
Todo estudante ou profissional tem como imposição a necessidade da continuação dos estudos para evolução dos saberes que acompanham as transformações exigindo atualização, levando-os a repensar suas práticas.
Dois caminhos podem ser trilhados frente a essa constatação, ou o estudante atualiza através dos inúmeros cursos rápidos que são oferecidos pelo mercado.
Ou busca a autonomia intelectual com despertar da consciência crítica e reflexiva por um método de estudo dirigido que o levará para a argumentação, raciocínio lógico e persuasão.
A autonomia intelectual do educando dar-se-á através de instigação do raciocínio lógico por meio de problemas apresentados, este por sua vez levantará hipóteses e possíveis soluções.
Segundo Nora Cecília Bocaccio Cinel, um estudo dirigido pode ser desenvolvido em sala de aula para, entre outros objetivos:
oportunizar situações para o aluno aprender por meio de sua própria atividade, de acordo com seu ritmo pessoal;
facilitar o atendimento das diferenças individuais, pelo professor;
favorecer o desenvolvimento do sentido de independência e de segurança do aluno;
possibilitar a criação, a correção e o aperfeiçoamento de hábitos de estudo, a fixação, a integração e a ampliação da aprendizagem.
“A organização do espaço e a noção do tempo a ser empregado deve ser previsto com antecedência para manter o fluir e a qualidade da interação durante o estudo dirigido. Escolha espaços mais amplos e arejados, sem detalhes de arquitetura interior, cores claras e decoração com motivos apontados para uma oportunidade de aprendizagem intercultural”. (Candau, 1998)
Para promover uma aprendizagem significativa tais cautelas são importantes. O tempo deve ser também disposto de forma qualitativa e não apenas cronometrado para que o fazer pedagógico seja bem explorado, pois no contexto dos estudos dirigidos a programação e o tempo disponível devem ser compatíveis.

Fatores importantes a serem observados:

A seqüência lógica do estudo dirigido é fator primordial de ordenamento dos estudos conseguindo um resultado de aprendizagem satisfatório, habituando e disciplinando intelectualmente o educando.
O perfil do educador ao lidar com essa atividade pedagógica pressupõe dinamismo, envolvimento, pesquisas, pois este será um leque de atuações sugeridas pelos estudos dirigidos, demandando análises e estudos mais fundamentados.
Agindo como verdadeiro orientador da aprendizagem, indicando bibliografias, materiais de suporte teórico e prático e demonstrando todas as possibilidades de aprendizado ao aluno.
Não cabe ao orientador demonstrar características autoritárias, mas sim responsabilidade, postura democrática e diretiva.
Os recursos a serem utilizados devem ser cuidadosamente selecionados e inspecionados para evitar alguma inadequação ou contratempos.
O material deve associar-se ao pedagógico vivenciado.
Deve estar também de acordo com a série dos educandos, buscando seguir as matrizes de habilidades propostas no currículo escolar.
Em suma, o estudo continuado aplicando conhecimentos teóricos em questões práticas, capacita os alunos a encarar futuras situações sozinhos, respaldados de soluções fundadas.
Deve ser bem dosado, interligar leituras, atividades explicativas e criativas para tornar o estudo mais prazeroso.
Proporcionando a autonomia intelectual, consciência crítica e reflexiva, características próprias de um estudioso.

Duplas Pedagógica.


( Material disponibilizado em curso de capacitação SEDUC por Thaís de Sousa Pinheiro)

Correção de Fluxo

A Secretária de Estado da Educação, frente a questão da Correção do Fluxo idade/ano escolar e após a releitura de sua política de atendimento, elaborou por meio das turmas de Correção de Fluxo uma proposta para garantir que os alunos defasados avancem em seu percurso escolar. (A distorção idade/ano é a defasagem entre a idade e o ano escolar que o aluno deveria estar cursando e uma das principais causas dessa distorção é a repetência e evasão escolar).
Essa turmas deverão ser criadas para corrigir a distorção idade/ano escolar dos alunos da segunda fase do Ensino Fundamental. Essas classes foram planejadas para que os estudantes multirrepetentes ou que se evadiram da escola possam continuar estudando e concluir o Ensino Fundamental com sucesso. Evitando assim, a exclusão e possibilitando o desenvolvimento das competências e habilidades a serem alcançadas.
O projeto será desenvolvido em dois turnos distintos:
 No primeiro turno: a matriz contemplará as diversas áreas do conhecimento, a serem trabalhadas de forma interdisciplinar, com ênfase na leitura e na escrita.
 No segundo turno: chamado de turno ampliado, a matriz será desenvolvida de forma a contemplar um tempo para resolução das tarefas de casas, e outro para aulas de Educação Física e Arte.
Por meio de um plano de ação, a Unidade Escolar deverá proceder a uma Reorganização Curricular, com base nas Matrizes de Habilidades.
Público Alvo para as classes de Correção de Fluxo
Alunos matriculados na Unidade Escolar no 8° ano com quinze (15) anos de idade ou mais, ou seja, alunos com atraso de dois anos em relação ao ano que estão matriculados.